quarta-feira, 20 de abril de 2016


Quem não se comunica, se trumbica: você sabe se expressar bem?

Vivemos em plena era da informação. O que não significa que nos comunicamos mais nem melhor. "Se partirmos da etimologia da palavra, comunicar seria tornar comum, compartilhar. E isso é algo que nem sempre alcançamos nos nossos relacionamentos", diz João José Azevedo Curvello, doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e responsável pelo programa de mestrado em Comunicação da Universidade Católica de Brasília. 
Para o especialista, embora a tecnologia tenha permitido reduzir distâncias físicas e afetivas, ela também trouxe novos obstáculos à comunicação. "Em alguns casos, a tecnologia e o excesso de informações contribuem para um maior isolamento", diz Curvello, que passa a descrever o "absenteísmo presente", fenômeno em que pessoas, embora fisicamente presentes, ficam absortas seus telefones ou tablets e parecem mentalmente desconectadas umas das outras e do ambiente.
A boa comunicação pressupõe um cenário absolutamente inverso e tem como objetivo primordial conectar os indivíduos, permitir o entendimento e o aprendizado mútuos. "A mensagem precisa chegar ao outro e ser compreendida. Ao interlocutor, não basta ouvir, ele tem que atribuir sentido ao que ouviu, para poder participar da conversa", explica Curvello.
 
Parece simples, mas não é. E um dos maiores desafios de quem deseja passar um recado, independentemente do conteúdo, é ser objetivo. "Nas culturas latinas, temos o hábito de primeiro argumentar para só depois dizer o que realmente importa. É exatamente o oposto do que observamos nas culturas anglo-saxônicas, por exemplo. Perdemos muito tempo nos preâmbulos e isso pode atrapalhar a comunicação, tornando a mensagem confusa", observa o especialista.
 
Porém, para dizer de forma clara e simples o que se deseja, sem enrolação, é preciso saber exatamente os resultados que se pretende alcançar com determinado diálogo, antes mesmo de iniciá-lo. 
 
Também é essencial perceber o outro, saber ver e ouvir. É isso o que permite organizar um discurso assertivo. "É preciso considerar quem está do outro lado e estabelecer uma ponte de contato com ele", diz Reinaldo Polito, professor de Competência Verbo-Gestual no curso de pós-graduação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Polito explica que é comum pessoas com pouco conhecimento causarem uma impressão melhor do que outras que possuem muita informação, mas não sabem como expressá-la. "O fundamental é conseguir chegar no nível de entendimento do outro", afirma.
 
Encontrar o equilíbrio entre o momento de falar e o de calar é, seguramente, um outro grande desafio . "Algumas pessoas são agressivas demais e cometem erros como o de interromper o interlocutor antes de deixá-lo concluir a sua linha de pensamento. Outros são muito passivos e não conseguem expor seus argumentos de forma incisiva", observa Eduardo Ferraz, consultor em Gestão de Pessoas. Marina Oliveira e Rita Trevisan uol 

Nenhum comentário: